Os dados foram obtidos por meio de entrevista realizada, no dia 09 de novembro de 2016, com um profissional da empresa Planin Sistemas , graduado e pós-graduado na área programação e administração de sistemas de informação, com mais de 10 anos de experiência. Para a obtenção dos dados, devido a confidencialidade e segurança dos projetos e das empresas atendidas pelo profissional, foi acordado o anonimato do entrevistado.
O entrevistado inicia explicando que a Planin é especializada no desenvolvimento de softwares de gestão, como o ERP com módulos financeiros, contábeis, de administração de pessoal, engenharia de produto, comercial, manutenção e produção industrial e também oferecem solução para gerenciamento de arquivos, mas não desenvolve o CRM.
“O CRM é um software que tem um custo de desenvolvimento elevado, pois, envolve desde a proposta comercial até a interligação com os aparelhos de telefones. Desde o momento que o vendedor tira o aparelho telefônico do gancho até a devolução na base, tudo se torna dado para o CRM, então o software tem a integração com os aparelhos telefônicos. Vai além do desenvolvimento do software, pois, são aparelhos telefônicos e/ou centrais de telefonias exclusivas para o uso do CRM”. Por outro lado, há CRM que são mais simples, sendo apenas o software, sem a interligação com a central telefônica, “que demandam demais processos manuais.
Tem pizzaria de bairro que utiliza o CRM para atender/registrar os pedidos feitos por telefone, algumas têm até telefones vinculados ao sistema. Os CRMs estão cada vez mais automatizados, simplificando o trabalho no dia a dia da equipe que o utiliza”.
Por isso, empresas que possuem o ERP da Planin, ao precisar dos recursos de um CRM adquirem o software de outra empresa, e eles atuam, como consultores e programadores, realizando a integração dos dois softwares.
O entrevistado recorda de um caso onde um de seus clientes precisava de “um controle que a Planin não tinha para oferecer. Eles queriam saber: quanto tempo o vendedor ficava em ligação com cada cliente; cada negociação que efetiva vendas; qual o vendedor que fez a venda; se houve retorno do cliente; se houve alguma reclamação de produto ou de serviço, como má condução do processo por um vendedor, entrega errada ou parcial, prazos não obedecidos, valores ou formas de pagamentos diferentes do negociado, etc.
Então, eles contrataram um CRM de outra empresa. E fizeram a implementação, pois, quando a ligação reverte em uma venda, além dos dados do CRM, essa venda é lançada no ERP, mantendo-se atrelada aos dados da ligação.” Assim, a empresa tem maiores informações sobre cada ação: “a venda fica vinculada aos dados de sua origem, como tempo e histórico de negociação”.
Ele ainda explica que nessa empresa os vendedores têm metas de ligações diárias, mas também tem metas de vendas e com o sistema de CRM, isso é mais bem acompanhado, o que ajuda no planejamento das metas e suas mensurações, e ainda na orientação para cada vendedor melhorar seu desempenho.
“O CRM oferece métricas e parâmetros para melhor auxiliar a gestão das vendas e do relacionamento com os clientes”.
Cada empresa define os dados que desejam possuir e visualizar por meio dos sistemas de TI, então a junção do CRM ao ERP, pode resultar em informações que auxiliam na formulação de estratégias e na tomada de decisão, como:
– Se o contato foi iniciado pelo cliente ou pelo funcionário da empresa, seja ele vendedor, relações públicas, área técnica ou outro;
– Se o contato gerou orçamento ou um pedido/venda;
– Se houve o pedido de um orçamento, o CRM determina um prazo, na agenda do vendedor, para a realização de um novo contato na tentativa de suscitar uma venda. “Os orçamentos tem prazo de validade, após um tempo é preciso recalcular a proposta e reajustar os valores, devido à oscilação dos custos variáveis que incide sobre a mão de obra e matéria prima.” O cálculo e a determinação do prazo de validade de um orçamento são de dados advindos do ERP, “dados que são inseridos lá na produção, no estoque, no setor contábil, por exemplo, são dados imprescindíveis para a formação e negociação do preço de vendas e prazo de entrega”.
– Organização de uma agenda de rotina, com horários mais adequados para falar com cada cliente até com datas estimadas para a realização de novos pedidos de compra. “Exemplo: um cliente que faz contato a cada três meses, o sistema passa a identificar essa característica do cliente e sinaliza para o vendedor esse prazo e esse comportamento repetitivo”.
O entrevistado explica que os dados de relacionamento do cliente são inseridos no CRM e quando se faz um orçamento ou há o fechamento de uma venda, os dados seguem via ERP: gera-se um orçamento e depois um pedido (Módulo Comercial), que segue para a programação da produção (Módulo Produção) que demanda de matéria prima (Módulo de Materiais e Serviços), depois trilha para os processos de qualidade, para depois enviar para o faturamento (Módulo Financeiro), para gerar a nota (Módulo Fiscal), e por fim se dirige para a despacho/entrega (Módulo Frota). Além desses módulos que compõem o ERP, ele também fala do Módulo do Departamento Pessoal, do Módulo Contábil, … “As características dos clientes ficam no CRM e no ERP ficam os dados administrativos, como: orçamentos gerados; compras efetivadas; valor da negociação; data de entrega, etc. Sem haver redundância de dados, os dados dos sistemas são complementares”.
Masson (2001, p. 06 e p. 35) dispõe a respeito deste fluxo de dados por meio do sistema ERP. Segundo o autor, a automação, o controle e o processo pelos quais os dados perpassam pelas áreas de uma empresa é denominado Workflow, no entanto, ele salienta que o Workflow constitui em um módulo distinto dos módulos funcionais do ERP, “que automatiza as variações que os processos possam sofrer, principalmente os de funções complementares ou externas, realizando todos os controles necessários, abrangendo todos os recursos, atividades e concretizando um elo de ligação” entre todos os demais módulos.
O consultor diz que o CRM além de orientar e parametrizar as ações de vendas, também é bastante usado em serviços de atendimento a cliente (SAC). “Algumas empresas, principalmente as maiores e as varejistas, possuem os departamentos de vendas e de SAC separados, mas também atendemos empresas que unificam essas duas áreas. As empresas que atuam no B2B são as que mais unificam essas atividades – vendas e SAC – e o próprio vendedor também recebe as reclamações.”
O especialista em TI apresenta o estado da arte do ERP, exemplificando que hoje em dia o ERP é um software utilizado por todos os tipos de empresas, de todos os setores/ segmentos e porte. “Atendemos uma empresa que tem apenas um computador e o ERP está instalado nesse único computador da empresa, por meio do software que foi customizado para as demandas da empresa, ele gerencia a produção, a quantidade e o custo de matéria prima e mão de obra, o financeira, a contabilidade e o fiscal.
Neste caso, o sistema é simples e o custo é baixo. Atendemos empresas que possuem vários processos, o sistema é bastante completo e o custo é mais alto.” Quando questionado sobre o processo de integração e mais especificamente, sobre as dificuldades do processo de conexão entre o ERP e CRM, o especialista diz que a principal dificuldade, na maioria das vezes, é entender as regras de negócio de cada empresa e consequentemente os parâmetros necessários do CRM.
“A integração se dá na vinculação dos dados do ERP aos dados do CRM e vice-versa. Exemplo: às vezes os dados do ERP precisam estar sumarizado e/ou calculados para integrar o CRM, outras vezes, os dados da nota fiscal precisa estar vinculado aos dados do atendimento.”
O especialista em TI ao descrever o processo de integração detalha que ele, como programador do ERP, e o programador do CRM trabalharam juntos para obter sucesso no processo.
Outra dificuldade que pode existir no processo de integração de softwares é a falta de compatibilidade entre os sistemas. “Cada empresa desenvolve seus sistemas com ferramentas diferentes, trabalha com bancos de dados diferentes, com aplicações diferentes e isso pode gera incompatibilidades”.
Ele diz que não é raro ver empresas que adquirem sistemas incompatíveis, mas que isso acontece por falha de descrição dos requisitos, “o que eu preciso ter para que o novo sistema converse, seja compatível com os sistemas vigentes na organização? Se isso for bem gerenciado a implementação se tornará muito mais simples.
No entanto, infelizmente nos deparamos com profissionais não qualificados para rescrever com precisão os requisitos necessários, por isso muitas empresas ainda adquirem software que demandam grandes esforços para a implementação e integração com os sistemas correntes.
Ás vezes lidamos com profissionais de compra, que não serão os usuários e nem são os requisitantes do software, fazendo a descrição dos requisitos, por isso não digo que não é raro essas incompatibilidade ou erros de customização.”
Ele conta exemplos onde o sistema foi desenvolvido com base em descrições de requisitos que na prática não tinham as funcionalidades necessárias, o que demandou em um novo desenvolvimento para tornar o sistema adequado as exigências do departamento. Tais erros acarretam em maior esforço e tempo o que eleva os custos de desenvolvimento, “desenvolvemos conforme os requisitos, pois nossos sistemas são totalmente customizados as demandas de cada cliente”.
Por fim, abordando mais especificamente as tecnologias móveis, o consultor conta que recentemente desenvolveu um Módulo denominado Força de Vendas, que dá acesso ao vendedor ao Módulo Comercial mesmo estanho fora da empresa, para fazer consultas e lançamentos por meio do smartphone. “Por meio desse sistema no smartphone, o vendedor não só lança pedidos, ele consulta o estoque, consulta o limite de crédito do cliente, faz requisição para ampliar o crédito junto ao financeiro e também já consegue emitir a nota fiscal eletrônica, utilizando uma impressa térmica”.
Esse módulo ainda não está vinculado ao CRM, mas o consultor acredita que é um tendência de mercado, ampliar os sistemas aplicados as tecnologias móveis, “eu ainda não fiz essa implementação, mas acredito que em breve realizaremos a integração do CRM ao ERP e o vendedor utilizando um smartphone ou tablete terá ainda mais opções de dados para o relacionamento com os clientes mesmo estando na rua”.